sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Eu sou um muro

Muros tem o papel mais injusto do mundo. Exijem deles firmeza, solidez e integridade eterna a troco de nada...
Muros até certo ponto não sabem do que são. Se acham tijolos, como todos os outros, até que todos os tijolos começam a falar do seu poderio como um muro. Então o muro passa a não só ter a dimensão do seu tamanho, mas começa a superdimensioná-la. Muros tem grande tendência a se acharem muralhas, das maiores possíveis, mesmo que sejam muretas feitas de poucos tijolos.
O grande segredo e que poucos percebem é que o muro é um valente. Ele expõe o seu corpo, enfrenta chuva e sol, protege ou tenta proteger todos que se encontram sobre sua sombra, e com isso acha que é indestrutível, até que surgem suas rachaduras...
Essas rachaduras são criadas pelas mazelas diárias, pelos sucessivos impactos oferecidos por marretas anônimas e chutes de crianças maldosas. Quando ainda são imperceptíveis ao mundo, são negadas de forma veemente pelo muro, para ele, todas essas falhas já estavam lá a muito tempo. Mas quando elas aparecem para todos os outros, o muro percebe de que não é mais de que um monte de tijolos, cimento e areia juntos. Aqueles tijolos começam a cobrar aquilo que elas mesmo construíram sobre o muro.
E o grande segredo disso é que muros não aceitam sua reconstrução, pois afinal aceitar a reconstrução é aceitar que ele já não é mais um muro. Então o muro segue a dizer: Podia ter sido melhor...

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