sábado, 29 de janeiro de 2011

Tudo flui

Hoje começo a me deparar com a realidade e começo a me sentir frustrado.
Não por meros motivos triviais, mas porque o mundo me ensinou que sou muito menor do que ele. Na verdade, sinto agora que o mundo sentiu o agente estranho que me tornei em seu sistema e começa a me combater. Afinal, ir no contra-fluxo é perigoso demais para sua segurança.
Do meu lado, me frustro ao perceber o quanto a realidade é multi-facetada. Nenhuma verdade é tão absoluta, nenhum comportamento é tão aceitável, nenhuma rua é tão idêntica. Me frustro ao perceber que nunca irei captar tudo o que se passa ao meu redor, nunca conhecerei todos os pontos-de-vista, nunca saberei tudo que se tem para saber, e talvez nunca pronunciarei algo que ninguem saiba. E o pior disso tudo é que, se realmente pudesse saber tudo, ainda sim teria que saber tudo em todos os tempos, este fator limitante de nossos poderes seculares.
Já dizia Heráclito afinal. Ah, como gostaria de fazer uma represa nesse bendito rio!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Se pudesse voltar ao passado...

...Gostaria de me ver bebê. Daria um abraço em mim mesmo, tiraria um sorriso infantil, veria toda a inocência que me foi arrancada, me acolheria em braços quentes e me faria dormir, calmo e sem problema algum para o outro dia.
...Gostaria de me ver criança, de fazer companhia a mim mesmo naquelas intermináveis tardes de semana, explicaria tudo aquilo que me fazia pensar. Explicaria que quando a gente quer um irmão, ele tem que crescer primeiro e não nasce da mesma idade que a gente. E deixaria o pequeno Lucas ser o pequeno Lucas, olhando quão graciosamente era aquela vida.
...Gostaria de me ver com 16 anos. Riria daquele cabelo, conversaria comigo e deixaria sair tudo. Me daria um tapa na nuca por se comportar de forma tão depreciativa comigo mesmo, diria que era tudo uma fase, logo passaria. Passaria a mão no meu rosto e diria que um dia tudo aquilo iria sumir, que todos aqueles problemas eram pequenos, o mundo era bem melhor do que eu via.
...Gostaria de me ver alguns meses atrás. Diria pra mim o quanto eu deveria ser grato por tudo o que eu tinha, e mostraria o quão minha vida era perfeita. Diria pra nunca ter viajado aquele fim de semana, pra ter aproveitado mais, para rir mais. Teria falado que era provável que o fracasso viesse, e que isso não seria tão ruim assim. Diria para se preparar para o impacto que sofreria, para ser forte, pois eu carregaria o mundo.
...Gostaria de me ver agora, pra falar tudo o que queria ouvir, mas ninguem me disse. Gostaria de falar com a única pessoa que me compreende cem por cento nessa terra, mesmo que não tivesse resposta alguma.
Mas infelizmente não posso.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Feed the fire

Ele acordou meio assustado, esfregou a mão no rosto. Dessa vez tinha sido real demais, e isso o assustara. O sorriso dela era lindo, e era todo pra ele. Seu cabelo, negro com algumas mechas claras, seus olhos amendoados e sua voz eram mais que reconhecíveis. Ela havia tornado dona absoluta dos seus sonhos...

A única coisa que ainda ecoava em sua mente era: “Ela saberá meu nome, ela me conhecerá. Eu sei que ela está por aí, e será minha só minha”. Isso o consumia, e lentamente partia seus elos com a realidade. Assim, ele mergulhava eternamente no seus devaneios.

Os dias iam passando e a única coisa que ele fazia era procura-lá. As pessoas começavam a estranhar seu novo estilo apático. No seu quarto havia recortes de jornais, fotos desfocadas e boatos qualquer. Sua obsessão o divertia, a chama continuava sendo alimentada. Ele apertou a barra da camisa e resolveu ir ao seu encontro, já tinha uma idéia de onde ela vivia, e ele a queria mais do que nunca.

Gastou tudo o que tinha, pegou todos os ônibus, foi em todos os lugares que imaginava, consultou todas suas fontes, nada. Sentou-se na praça, seu cabelo estava desgrenhado, e sua roupa estava amassada. Coçou a cabeça, respirou fundo: era o fim. Ele não daria mais um passo, toda aquela loucura tinha ido longe demais. Era o pôr-do-sol em uma dessas cidades operárias.

Ele olhava pro chão, segurou a raiva quando se deparou dessa loucura toda e resolveu olhar pro céu. Algo travou sua cabeça no meio do caminho: um rosto quase angelical, um cabelo negro com algumas mechas claras, um sorriso doce, quase infantil. Era ela! A chama estava novamente acesa...

By the way: http://runawayeah.blogspot.com/

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Descanso

Hoje, eu não preciso abandonar tudo que eu quero. Hoje, eu quero trocar de estrada, sentar em uma moto, curtir um pôr-do-sol no meio de um caminho quase interminável.
Quero a experiência sinestésica de uma praia deserta, um sol amarelo, um céu anil, o vento que acaricia o rosto e o delicioso som da natureza.
Quero abandonar um pouco a tensão, quero sentir o prazer do riso, beber da paz do silêncio, colher o fruto do sossego. Desejo a adrenalina da aventura, escrever um livro com minhas histórias, fazer uma criança sorrir.
Quero que os problemas me esqueçam por quinze minutos , que a vida me dê um tapa nas costas e diga "parabens", que as obrigações me abandonem. Que os dias bons sejam lentos e os ruins passem como raios. Quero olhar pro céu e a única coisa que me passar na cabeça é como ocupar meu dia acompanhado de um riso besta. Quero cair na cama e não me preocupar em que horas acordar, quero que o suor que escorre pelo meu rosto seja apenas de um futebol. Quero que tudo isso aconteça, por algum tempo...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Eu sou um muro

Muros tem o papel mais injusto do mundo. Exijem deles firmeza, solidez e integridade eterna a troco de nada...
Muros até certo ponto não sabem do que são. Se acham tijolos, como todos os outros, até que todos os tijolos começam a falar do seu poderio como um muro. Então o muro passa a não só ter a dimensão do seu tamanho, mas começa a superdimensioná-la. Muros tem grande tendência a se acharem muralhas, das maiores possíveis, mesmo que sejam muretas feitas de poucos tijolos.
O grande segredo e que poucos percebem é que o muro é um valente. Ele expõe o seu corpo, enfrenta chuva e sol, protege ou tenta proteger todos que se encontram sobre sua sombra, e com isso acha que é indestrutível, até que surgem suas rachaduras...
Essas rachaduras são criadas pelas mazelas diárias, pelos sucessivos impactos oferecidos por marretas anônimas e chutes de crianças maldosas. Quando ainda são imperceptíveis ao mundo, são negadas de forma veemente pelo muro, para ele, todas essas falhas já estavam lá a muito tempo. Mas quando elas aparecem para todos os outros, o muro percebe de que não é mais de que um monte de tijolos, cimento e areia juntos. Aqueles tijolos começam a cobrar aquilo que elas mesmo construíram sobre o muro.
E o grande segredo disso é que muros não aceitam sua reconstrução, pois afinal aceitar a reconstrução é aceitar que ele já não é mais um muro. Então o muro segue a dizer: Podia ter sido melhor...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

La vie est belle!

Não adianta, por mais que você tente, eu não vou ter raiva de você. Você é linda, e isso se reflete nos sorrisos e toda a ingenuidade das crianças. Você é tão linda, nos abraços dos amigos e em todas as gargalhadas que me proporciona.
Mesmo que você as vezes esteja de mau humor, eu te entendo, ninguem consegue ser sempre perfeito, e as vezes você tem seus ataques de crueldade, mas a culpa nem sempre é sua né? Sempre tem um ou outro babaca que te maltrata.
Apesar de tudo isso, eu te amo. Sei que um dia você não vai me querer por aqui, mas eu não ligo, sei da sua natureza de amante cruel e estou pronto para isso. E eu acho que você vai ser gentil quando me dispensar,não é? Bom, tomara que ainda possamos ter muito tempo juntos, eu ainda não quero te largar.
Sei que tivemos nossas diferenças, mas vamos acertá-las com o tempo. Você vai me ensinar muita coisa ainda e eu vou lhe dar bons frutos, pra poder dizer: "Foi ela que me moldou desse jeito, e eu a moldei do jeito que quis".
É, você é bela, e sinceramente espero que nunca me decepcione!