quinta-feira, 31 de março de 2011

Triste História de Epaminondas

Epaminondas era um cara legal, era um cara normal. Adorava fazer coisas que todo mundo da sua idade fazia. Epaminondas adorava ser o rei do seu universo. No seu mundo, ele era o cara mais inteligente, o descolado, a alegria da galera, o indispensável, o que arrancava muito suspiros. Tinha uma família perfeita, uma casa legal, tudo que queria. Não era necessário explicar nada da sua vida pra ninguém. Todos que conheciam o Epaminondas sabiam de cara o que ele era, as suas convicções, o seu comportamento, o seu senso de justiça. Epaminondas se sentia Completo
Então tudo começou a ruir na cabeça do pobre Epaminondas. Talvez para os outros de fora, fosse apenas uma fase ruim, não era motivo pra drama. Mas não para Epaminondas, para ele, era o fim de uma perfeita, preciosa e incrível era. Epaminondas se sentia traído por tudo o que ele achava que eram os fundamentos imutáveis do mundo. Epaminondas se sentia triste.
Talvez a sorte tivesse sorrido novamente para Epaminondas, ele havia conseguido ir pra um lugar legal, com gente legal, e com uma vida aparentemente legal. Ele não queria perder tempo, e tentou, de uma vez só, jogar toda informação, todo seu ser. Ele queria desesperadamente ter novamente seu reinado. Logo, ele percebeu que não havia conseguido chegar nem perto do efeito desejado. Na verdade, ninguém reconhecera nada do que ele achava que era estampado na sua cara. Epaminondas se sentia confuso.
Demorou um pouco, mas Epaminondas percebeu o quanto ele havia errado. Ele demorou a perceber que na verdade tudo aquilo que ele pensava dele mesmo não era mais do que um castelinho de cartas, que ficava muito bem apoiado antigamente, e agora com a falta de cuidado dele estava a ruir. Epaminondas se sentia em conflito.
Epaminondas precisava de alguma forma escrever o que sentia. Então, durante uma travessia numa ponte, numa noite chuvosa, ele teve uma idéia: Escrever uma história com o pseudônimo de Astrogildo, que estava escrevendo sobre o pseudônimo de Horácio, que estava escrevendo com o pseudônimo...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Fins e Afins

Eu não sei o por quê, mas o fim sempre é muito doloroso, mesmo as vezes sendo tão bem anunciado. Creio que é por isso que todos temam tanto a morte, não por que tenham medo de não mais existirem, mas de serem esquecidos, de seus velhos costumes serem abandonados, de não serem mais necessários para todos, de suas rotinas serem quebradas, de suas regras não serem mais seguidas.
Sim, ninguém realmente deseja sair da sua zona de conforto. No fundo, todos querem viver novas histórias com as mesmas pessoas, com as mesmas piadas, com os mesmos sorrisos. Sentir novas sensações com os mesmos estímulos. E seria isso tão criminal assim?
Mas quando tudo isso passa e novas coisas ocupam antigos lugares, tudo fica confortável de novo. Mas ainda sim, resta aquela nostalgia, olhares que retornam ao ponto de partida, a louca vontade de querer regressar aos momentos que hoje parecem muito mais felizes do que eram na época, e os velhos sorrisos começam a brilhar mais ainda. Então, o maior choque acontece, o de saber que a vida se seguiu, de que as pessoas passaram a perceber o quanto dispensável você é, e de como tudo encontra um jeito de fluir. E agora você foi tão modificado pelo meio que viveu que não se encaixa mais com aquela antiga vida, e aquela antiga vida tambem foi modificada e não se encaixa mais com você. Curta enquanto você pode.

terça-feira, 1 de março de 2011

Saudações...

...a você que sente saudade de alguem, a você que se esqueceu de muitas histórias que antes eram obrigatórias no seu repertório. Saudações a você que se sente um pouco mais sábio, mais esperto, mais estiloso hoje e um pouco menos feliz do que era antigamente. Saudações a você que já passa muito mais tempo fantasiando do que vivendo o mundo real, a você que tem saudade de quando tudo era muito mais simples e menos angustiante.
Saudações a você que vive numa constante troca de emoções, de pensamentos, de fundamentos. Saudações a quem já sabe que não é tão importante ser importante na vida de alguem e saudações tambem a quem ainda vive nessa ignorância.
Saudações a você que percebeu o quanto esse mundo é uma gigante confusão, a você que já começa a desistir de mudar o mundo com pequenas ações. Saudações a quem chora sem chorar, a quem sorri sem alegria, a quem tampa o sol com peneira.
Saudações a quem se irrita quando ouve sobre pequenas tragédias e saudações a quem as sofre. Saudações a você que parou de só viver a vida e começou a questioná-la, a você que quer desesperadamente uma vida perfeita, mesmo com todas as suas imperfeições.
Saudações, estamos no mesmo barco.