segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

ἀποκάλυψις

 Um anjo me visitou em meus sonhos ontem. Eu ouvia o silêncio entre suas palavras, e ele falava muito mais do que se dizia. 

Não era capaz de entender sua figura, apenas o que minha mente me permitia compreender. O que vi era capaz de deixar o mais cético um fervoroso fiel, e o mais são em profunda loucura. O que deveriam ser seus pés brilhavam como cem sóis, e sua boca emanava fogo. Seu corpo não tinha fim e também não tinha começo, e esferas rodavam em seu entorno, com palavras inteligíveis, mas que descreviam o fim, o começo e tudo que no meio havia. Suas asas tocavam céus, terra, os cosmos e tudo que poderia existir dentro do Universo. 

Suas palavras me cortavam como lâminas afiadas. A cada sentença, uma revelação que nem mil livros seriam capazes de conter, as verdades da realidade me foram ditas, mesmo que eu não pudesse compreender. De tudo que ele disse, eu só era capaz de fazer sentido daquilo que mais me doía:

"Quem é você? Qual a sua relevância para aquilo que o Único criou? Se és apenas capaz de ver o que sua vida lhe permite, qual é a verdade absoluta? O que veio antes de você e o que virá depois? Quem é capaz de fazer frente a inexorável força do desconhecido?"


E como ele veio, se foi, sem deixar rastros, exceto minha mente confusa e desesperada por razão.


Quem tem ouvidos, ouça.

Um comentário: