domingo, 1 de novembro de 2020

Grego

 Um dos onírios me visitou esta noite. Morpheu já não se faz presente a muito tempo e phobetor já não me assusta mais. Era phantaso. Com ele, trouxe toda a sorte de desejos. Fulgor, luxúria, insensatez, misturados numa  chama.

Entre os tilintares e os sibilos da dança quente das chamas, sombras se formavam na parede. Seios, curvas, abdomens. Dionísio estava entre nós, numa profana festa carnal, fazendo tudo virar paixão. Não havia ninguém e ainda assim, todos estavam ali. Não havia música, tudo se resumia a canção primitiva das fricções carnais. O suor era o vinho, as coxas eram a carne. 

Se aquilo era não era divino, tampouco era humano. A mente não processava o que via. Uma cena metafísica, que transcende o compreender e o sentir. As horas passavam e o êxtase era infindável. Não havia início, nem fim. Éramos um, e éramos nada. O transe era grande demais para pensar...

E entre os cantos de um sabiá-laranjeira, acordei. Suado, sozinho e pensativo.

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