Me sento na frente do computador. Lá fora chove, e o barulho da água que meneia calhas e canos me lembra da indiferença das intempéries frente a tudo. Não importa a tristeza ou a solidão que sinto, a água não pede licença, se derrama, se verte e se vai.
Na minha tela, me sinto menos ínfimo, mas a chuva lembra que quando olho pra cima, os entroncamentos de concreto, que rasgam céus e ferem a terra, me retornam a minha pequenez. A chuva me lembra também que são muitas gotas que caem para que se forme uma bátega, e eu sou só eu.
Lá fora, na maior cidade do hemisfério sul, alguém está sorrindo, enquanto alguém chora. Alguma criança está em sua concepção, enquanto alguém morre. Alguém está tendo a melhor noite da sua vida, enquanto alguém amarga a pior experiência que se pode ter. Todos dançam, mesmo sem dançar, enquanto seu chão gira, num inifito espaço, ermo em torno de uma bola de fogo, longe de qualquer significado além daquele que se quer ter.
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